segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Universo Otaku - Parte 1

Há uns dias, aconteceu algo que me chamou a atenção e fez com que eu me apressasse a começar a falar sobre o mundo otaku e a cultura japonesa. Soube que minha amiga estava interessada em saber sobre animes, mangás, jmusic e tudo mais que envolve o universo otaku. Por ela e por outros que também têm a curiosidade de pelo menos entender alguns termos, alguns gestos japoneses, aqui começo com algumas informações sobre o que significa ser otaku e a origem desse termo.

 
Otaku (trad. original: "Seu lar") - É um termo usado no Japão para designar um fã por um determinado assunto, qualquer que seja. No imaginário japonês, a maioria dos otakus são indivíduos que se atiram de forma obsessiva a um hobby qualquer. No ocidente, a palavra é utilizada como uma gíria para "rotular" fãs de animes e mangás em geral, em uma clara mudança de sentido em relação ao idioma de origem do termo. Muitos membros da comunidade consideram o termo ofensivo por não concordarem com a distorção de sentido do mesmo e se recusam a serem chamados assim. O termo é normalmente utilizado apenas dentro da comunidade de fãs de animês e mangás e de falantes do idioma japonês, sendo, portanto, desconhecido pelo grande público.


Muitos que se caracterizam otakus não sabem que, originalmente, em japonês, a palavra é um tratamento respeitoso na segunda pessoa, significa "seu lar". O humorista e cronista Akio Nakamori observou que a palavra era muito utilizada entre fãs de animes e a popularizou por volta de 1989, quando a utilizou em um de seus livros. Este livro, M no jidai, descrevia um assassino em série que se descobriu ser obcecado por animes e mangás pornográficos e que recriava as histórias abusando jovens garotas. A história foi inspirada em um assassino real, Tsutomu Miyazaki. Na época, criou-se um grande tabu em volta do termo e ele passou a ser usado de forma pejorativa para designar qualquer indivíduo que se torna obcecado demais em relação a um determinado assunto.

Com o tempo, surgiram diferentes "grupos" de otaku, que se identificavam de acordo com seus interesses em comum. Algumas delas são:
  • anime otaku (animação japonesa),
  • manga otaku (histórias em quadrinhos),
  • pasokon otaku (computadores),
  • gēmu otaku (videogames),
  • tetsudō otaku (miniaturas, como trens de brinquedo), 
  • gunji otaku (armas e coisas militares),
  • auto otaku ou jidosha otaku (carros, em especial os kei-jidosha e demais modelos destinados ao mercado interno japonês),
  • dattebayo otaku (wels e esquisitices).

No Brasil, se proliferou o "dattebayonismo", espécie de otaku especializado no seriado Naruto, inspirado nas ações de seu idealizador, Welington Z. As reuniões dos aficionados, geralmente fantasiados, também levam em conta a fidelidade a aparência física e sobretudo a linguagem própria do seriado japonês exibido pela TV Tokyo.


Pode-se associar os otakus aos hikikomori (expressão para "extremo isolamento doméstico devido ao fanatismo a certos hobbies") quando a obsessão por um determinado tema atinge o seu ápice, culminando no isolamento do indivíduo em relação àquilo que não tem relações com o tema em questão e gerando os problemas psicológicos que caracterizam um hikikomori.


No ocidente, uma palavra com um sentido próximo seria "maníaco" ou "fanático". As palavras maniakku ou mania (do inglês maniac) também são usadas do mesmo modo para pessoas que têm muito interesse, mas de uma forma mais amena e saudável: Anime maniakku, gēmu mania,... Esse uso seria equivalente à palavra no ocidente.


Este termo foi primeiramente introduzido no Brasil provavelmente pelos membros da colônia japonesa existente no país, mas ficou restrito às colônias e ao seu sentido original (o tratamento respeitoso na segunda pessoa, literalmente: Sua casa ou sua família). Porém, o sentido mais novo foi introduzido na época da "explosão" de dekasseguis (imigrantes japoneses), ocorrida no final da década de 80, quando o termo já havia adquirido seu sentido pejorativo e o fluxo de dekasseguis do Brasil para o Japão se intensificou.


Porém, a popularização do termo e, em certa medida, até mesmo dos animes e dos mangás no país, se deu graças à primeira revista especializada de animes e mangás no Brasil - a Animax. Em tal revista se utilizou, provavelmente, pela primeira vez a palavra otaku no mercado editorial brasileiro, para agrupar pessoas com uma preferência por animação e quadrinhos japoneses. Como pôde ser percebido mais tarde, o significado original do termo e a visão pouco favorável que a sociedade japonesa tinha dos otakus não foi citada: O termo fora citado na Animax como sendo somente um "rótulo" utilizado por fãs de animes e mangás no Japão. Esse foi o estopim da grande polêmica.


A omissão de explicações precisas sobre o termo e a posterior popularização de seu sentido já distorcido teve repercussões logo de início: Fãs de animes mais velhos e membros da comunidade japonesa que conheciam o sentido original de otaku antes da popularização do mesmo foram os primeiros a protestar contra a popularização da distorção do significado da palavra, sendo prontamente rotulados de antiotakus, por, supostamente, "transformar o termo em algo pejorativo".


As discussões sobre o termo dentro da comunidade de fãs de animês se iniciaram, sendo esta a primeira possível polarização aceitável como tal dentro da comunidade: Muitos membros se denominavam como "fãs de animês" em tentativa de escapar do rótulo de otaku, por saberem do significado pejorativo que a palavra carrega e admitirem tal significado como o correto; enquanto outra parte se denomina prontamente como otaku e prega que não há sentido pejorativo na palavra.


Informação retirada de:
*http://pt.wikipedia.org/wiki/Otaku


Particularmente, acredito que o sentido real da palavra seja pejorativo, porém, isso não significa que os otakus sejam literalmente obcecados como na criação do cronista Akio Nakamori. Creio que seja apenas um modo de enfatizar (até como ironia) o quanto nós, otakus, somos fanáticos por certos hobbies.

                                                       ~x~

No segunda parte, falaremos das expressões anime e mangá! (Essa será especialmente para você, Aninha, pequena otaku! ;D)

Um comentário:

  1. Ficou bom o post,miiga.Mas a Ana,"penquena otaku"?Ela tá longe ainda,rs.Tem q ver muuuiiito animêêê!*experiente*
    Foi legal vc falar sobre o termo "otaku" e tudo o mais.Falta a parte dois,né?Você podia falar dos tipos de mangá tb,tipo shoujo,shonen,josei,seinen,etc.
    Até mais!Beijos

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