domingo, 5 de abril de 2015

Texto: Sobre a Páscoa


Sobre a Páscoa, venho escrever sobre o cordeiro de Deus que, sem pecado algum, morreu uma das piores mortes de sua época: a morte de cruz. Que sofreu, e sofreu, e sofreu. Desde psicologicamente, sabendo que morreria, e fisicamente, tendo sua pele machucada até o cerne de sua carne, e seu sangue derramado até que, no final, apenas saísse água.

O que podemos aprender desse fato sem sair clichê?

Imagine assim: A gente erra. Muito. Cometemos pequenos pecados todos os dias. Aquele xingamento apenas pensado, aquele troco não dado, ou até mesmo aquela pessoa necessitada ignorada. A bíblia não fala sobre amarmos uns aos outros, sobre sermos honestos e sobre ajudarmos quem precisa? Não estamos errando?  Então.

Não vou me prolongar em “pecados”, mas pense assim: como nós, meros mortais, nos livraríamos de tanta sujeira que, mesmo sem perceber, fazemos todos os dias? Nos tempos de Antigo Testamento um sacrifício até resolveria um pouco, mas ainda sim, algo mais... puro era necessário. Alguém mais forte.  Alguém que nos salvasse.

“Mas então por que Deus não consertou tudo?”, você pode me perguntar. Bem, pequeno gafanhoto questionador, ele poderia. Ele poderia destruir o mundo e reconstruir inteiro, se o quisesse. Mas, então, por quê?

A resposta é simples. A escolha do Criador, após dilúvio, foi não matar a todos.  E, desde o princípio, Sua escolha também foi não interferir no nosso livre-arbítrio. Ele pode indicar o caminho certo, mas se ainda assim você quiser bater a cabeça na parede até sangrar, a escolha é sua, não Dele. O entristece, mas não é algo que ele vá mudar, justamente por causa do livre-arbítrio.

Sendo assim, nós fomos nos tornando mais e mais sujos. Pecando, desde pequenos delitos e grandes pecados. Nós,digo,o ser humano. Desde os que fazem fofoquinha a aqueles que matam. E, Ele, que sabe do passado, do presente e do futuro, sabia dos pecados grandes que viriam. O que fazer?

Por isso, ele enviou seu filho, seu próprio filho, amado, o próprio Príncipe de todo o céu, a vir na Terra por nós. Ele teve que passar por todo o processo. Engatinhar, andar, falar, quem sabe se estressar, e isso sem pecar. “Mas como sem pecar? É impossível!”, você pode pensar. Bem, imagine alguém extremamente honesto e correto. Chega a ser uma pessoa ‘chata’, não? Então, esse era Jesus. O cara que devia ser visto como chato e entediante pelas crianças de sua idade, de família pobre, que mudou o mundo enquanto crescia até a sua morte e ressurreição.

Ele, o cordeiro puro de Deus, morreu a pior morte por escolha daqueles homens ali presentes. Preferiram que soltassem ao bandido, ao que havia pecado, e não ao homem puro e inocente que ali estava. Essa escolha já indica como nós somos, não? Tendo o correto, muitas vezes preferimos o errado. Assim foi com Jesus, que já sabia o que o esperava, que já sabia quem o trairia, já sabia que morreria. E orava, orava ao Pai, porque sofria. Quem não sofreria sabendo que iria morrer? Que iria padecer da pior forma a sua época, e ainda sofrer loucamente até chegar ao ponto de morte?

E assim, morreu. E com ele, ele levou todas as nossas dores. Daqueles que foram, estavam, e que viriam a viver. Ele levou todas. Ali. Ele, o homem sem pecado, se tornou o homem mais sujo de todo o mundo que já se viu. Porque, naquele corpo puro, estavam todos os nossos pecados. O meu, o seu. Todos.

E assim acabaria a história, e seria mais um período como qualquer outro, se... Ao terceiro da, o sepulcro não estivesse vazio. Para deixar a história mais estranha, aquele homem morto não só ressuscitou quanto apareceu para várias pessoas ao final, e ainda por cima subindo aos céus. Numa nuvem. E MUITA gente viu.

Esse cordeiro de Deus, esse Príncipe da paz... Mudou o mundo desde o dia do seu nascimento até sua morte e depois, sua ressurreição.  Fez os incrédulos crerem, e muitos, mas muitos se arrependerem.

Mas, voltando ao ponto inicial, lembra-se dos sacrifícios? Bem, ele foi o mais puro sacrifício dado. Era apenas necessário que alguém puro o suficiente, sem pecado algum, morresse por nós. E quem poderia ser, senão o próprio filho amado e querido pelo Pai? Aquele que viveu cada dia aqui na Terra da forma mais perfeita e correta possível?  Por isso, ele tomou todos os nossos pecados, erros e vacilos, e levou com ele, naquela cruz. Mas é óbvio que, após morrer e ressuscitar não nos deixaria sós. Ou vocês acham que ele levaria nossos pecados e sairia sem explicar muito?

Por isso, ao subir aos céus, ele deixou o Espírito Santo, o chamado Consolador conosco. Dessa forma, teríamos uma espécie de linha direta com Deus, uma forma de pedir perdão pelos erros que cometemos. Assim, a morte de Cristo de fato estaria válida, tanto pelos pecados a sua época quando pelos pecados atuais, que cometemos até mesmo agora, nesse momento. Ao pedirmos perdão, voltamos àquele momento na cruz, em que nossos pecados foram postos em Cristo.

Por isso tudo, nesse feriadão, peço para pensarem no real sentido da Páscoa. Não que isso os impeça de se entupir de chocolate ou colocar orelhas de coelhinho. É bonitinho, vão ser felizes! Mas, de igual forma, lembrem nessa Páscoa que, o real sentido, é a morte do Cordeiro que sofreu (e muito) para que fossemos livres do pecado, e que ressuscitou para mostrar que não somente é o filho de Deus, mas que um dia voltará, e enquanto esse dia não chega, deixou o Consolador conosco para que possamos nos comunicar com ele. Conversar, pedir perdão, contar sobre o dia. Ele escuta. Sempre.

Não se esqueçam do Cordeiro.  Podem comer chocolate, mas sinceramente, sempre se lembrem do Pai que padeceu por todos nós. Esse é o real motivo. Não se esqueçam.